Investidores de varejo do Bitcoin: onde estão? Veja aqui.
As métricas em torno do Bitcoin têm gerado um misto de otimismo e incerteza. Apesar dos dados sugerirem que os investidores de varejo estão um pouco parados, os ETFs (fundos com cotas negociáveis na bolsa) de Bitcoin estão crescendo em popularidade. É curioso como, enquanto os pequenos investidores podem estar menos ativos, o total de patrimônio sob gestão nesses fundos, conhecido como AUM, continua aumentando.
Uma grande parte dos participantes no mercado de ETFs Bitcoin é composta por investidores de varejo, que podem estar adquirindo cotas diretamente ou por meio de consultores de investimentos e fundos hedge. Isso mostra que, mesmo que a demanda por compras diretas de Bitcoin pareça diminuir, há movimentos acontecendo, especialmente fora dos Estados Unidos, onde a autocustódia ainda é muito importante.
A percepção comum é a de que o preço do Bitcoin não pode subir muito devido à falta de demanda de varejo. É verdade que a atividade das carteiras pequenas é a mais baixa em anos. Mas será que essa é a história inteira? Os investimentos de varejo estão provavelmente se deslocando para plataformas mais tradicionais, como os ETFs, o que pode mudar a forma como entendemos o mercado.
Quem está por trás da compra dos ETFs de Bitcoin?
Desde que os ETFs de Bitcoin spot foram lançados nos Estados Unidos em janeiro de 2024, muitos investidores que talvez nunca tivessem se envolvido diretamente com a criptomoeda estão agora diversificando seus portfólios. Isso acontece principalmente pelo conforto que proporciona, evitando a necessidade de gerenciar a própria custódia.
Instituições financeiras também estão cada vez mais interessadas nesses ETFs, já que a regulamentação clara e a facilidade na contabilidade tornam tudo mais simples. Consultores de investimentos e fundos hedge são os grandes responsáveis por essa movimentação, garantindo que a exposição ao Bitcoin esteja acessível tanto para clientes de varejo quanto para os corporativos. Hoje, estima-se que esses acionistas detêm em torno de US$ 135 bilhões em Bitcoin por meio desses fundos.
De acordo com um analista da Bloomberg, quase a metade dos US$ 21 bilhões em ativos reconhecidos recentemente vem de consultores de investimentos, enquanto os fundos hedge seguem com US$ 6,9 bilhões em cotas de ETFs. É um cenário em que cada vez mais bancos, seguradoras e fundos de pensão estão comprando Bitcoin e oferecendo esse acesso aos seus clientes.
ETFs como forma de investimento do varejo
É tentador pensar nos influxos para ETFs como algo exclusivo das instituições financeiras, mas isso pode ser uma visão limitada. Alguns especialistas argumentam que o varejo está, na verdade, se tornando um dos maiores distribuidores de Bitcoin este ano. Essa demanda, embora camuflada, ainda é significativa e se expressa fortemente por meio de ETFs, com cerca de 75% das cotas sendo detidas por investidores de varejo.
Então, se os investidores de varejo estão, na verdade, utilizando ETFs como ferramenta de exposição ao Bitcoin, talvez seja hora de repensar a interpretação dos dados. O que estamos vendo agora é que muita gente prefere manter seu Bitcoin em contas de corretoras ao invés de carteiras de autocustódia — uma escolha que, embora contradiga a filosofia original do Bitcoin, acaba atraindo muitos que ainda acreditam no potencial do ativo.
Recentemente, o ETF iShares Bitcoin Trust da BlackRock, por exemplo, superou a receita de seu ETF principal do S&P 500, um sinal claro de que o interesse do varejo não pode ser ignorado.
Por que o preço do Bitcoin não ganha força?
Apesar de toda essa movimentação em torno dos ETFs, o preço do Bitcoin ainda não decolou. Dados mostram que a demanda aparente por Bitcoin, que alcançou US$ 1,6 milhão em janeiro, hoje mostra um cenário bem diferente, caindo para -US$ 857.000. Isso significa que os movimentos atuais, mesmo com os ETFs, não são suficientes para compensar as saídas que estão acontecendo.
Para reanimar o interesse pelo Bitcoin, pode ser necessário um grande estímulo, como uma eventual redução nas taxas de juros. Isso beneficiaria mais as instituições e seus clientes, que estão se tornando jogadores cada vez mais centrais no ecossistema do Bitcoin.
É interessante notar que, enquanto grandes investidores nos Estados Unidos estão buscando exposição através de grandes gestoras como a BlackRock, investidores de países como Nigéria e Argentina continuam a comprar e manter Bitcoin diretamente, mostrando que a demanda direta de varejo não desapareceu — talvez tenha apenas se silenciado. Nas condições certas, esse cenário ainda pode mudar.